O autismo não é um erro no código da existência, mas sim uma linguagem diferente, uma forma única de perceber e interagir com o mundo. Em uma sociedade que valoriza a uniformidade, aqueles que enxergam a vida através de outra lente são frequentemente vistos como enigmas, quando, na verdade, são apenas expressões autênticas da diversidade humana.

A mente autista dança em ritmos próprios, encontra beleza nos detalhes que muitos ignoram, busca ordem no caos e, às vezes, sente o peso de um mundo barulhento e imprevisível. Não é a falta de emoção ou conexão que define o autismo, mas sim a maneira singular com que essas emoções e conexões se manifestam. O silêncio pode ser uma conversa, um olhar pode conter um universo inteiro de significados, e um interesse profundo pode ser a ponte para compreender a vastidão da existência.

Talvez o maior erro da sociedade não seja a falta de compreensão sobre o autismo, mas a insistência em medir todas as mentes com a mesma régua. Aceitar o autismo não é apenas dar espaço para aqueles que pensam diferente, mas reconhecer que o próprio conceito de “normal” é uma construção frágil e limitada.

Se há algo a aprender com o autismo, é que a beleza da humanidade está justamente na variedade de formas de ser. E, talvez, em vez de tentarmos encaixar cada pessoa em um molde pré-definido, devêssemos nos perguntar: e se o mundo precisasse aprender a ver através dos olhos autistas?

Rute Mendes

Publicações Anteriores

RuteCruzM © 2025 Todos os direitos reservados