No fundo, seja depressão, autismo ou qualquer outra experiência que desafie a norma, tudo aponta para uma mesma questão: o que significa ser humano? Vivemos em um mundo que busca padrões, categorias, explicações rápidas. Mas a verdade é que a existência humana não pode ser reduzida a fórmulas simples. Somos feitos de nuances, de contradições, de formas diversas de sentir, perceber e interagir com o mundo.
A depressão nos mostra como o sentido da vida pode ser frágil e, ao mesmo tempo, essencial. O autismo nos ensina que há muitas formas válidas de existir e de compreender a realidade. Ambos desafiam nossa ideia de “normalidade” e nos convidam a olhar para além das aparências, para além do que fomos condicionados a aceitar como certo ou errado, saudável ou doente, funcional ou disfuncional.
Talvez a grande lição seja essa: o valor de uma vida não está em sua conformidade com um modelo pré-estabelecido, mas na sua autenticidade. Cada mente é um universo, cada experiência tem sua própria verdade. E se aprendermos a acolher, em vez de corrigir, a compreender, em vez de julgar, talvez possamos construir um mundo onde cada um tenha espaço para ser quem realmente é.
No fim das contas, talvez a pergunta mais importante não seja “como consertamos aqueles que são diferentes?”, mas sim “como podemos tornar o mundo um lugar onde todas as formas de ser tenham espaço para florescer?”.
Rute Mendes